quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Betfair Portuguese Poker Tour - uma visão diferente

Este fim de semana regressou o circuito dos torneios deep em Portugal. O BPPT já é uma tradição no panorama do Poker nacional, oferecendo uma estrutura excelente para os jogadores. 300 big blinds para começar, 1 hora de blinds dá para experimentar várias abordagens e diferentes estratégias.

Desta vez, a minha preocupação não era saber as stacks dos adversários, ver em que posição se encontravam ou quantos jogadores estavam no pote. A minha preocupação era garantir a todos os jogadores as melhores condições possíveis, cumprindo as regras e tentando que o ambiente geral era o melhor. Com o field que estava presente, recheado de jogadores já experientes, as minhas expectactivas eram elevadíssimas.

Tudo começou na quinta-feira, dia de sit's e do torneio satélite. Em relação aos sit's, num ambiente mais relaxado mas mesmo assim muito competitivo, encontraram-se alguns nomes bem conhecidos do grande público. Luís Vale, Miguel "Mourinho" Neves e André "Chicken" Moreira foram 3 dos vencedores da tarde. Um arranque em grande. O torneio satélite já se tornou uma forte tradição e tivemos mais 23 jogadores apurados para o Main Event, a um preço mais simpático.

Na sexta-feira, mais 2 sit's e a hora começava a apertar. A máquina por trás de um torneio como este está bem oleada, sem grandes correrias toda a gente tinha a consciência do que tinha a fazer e tudo rolava de acordo com o habitual e como programado. Fichas novas para dar um colorido ainda maior, mesas preparadas. Quase tudo a arrancar. Faltavam apenas os jogadores.

Compareceram 149. Um número razoável, tendo em conta o mês de Agosto. Faltaram os jogadores nórdicos, provavelmente a aproveitar o pouco sol que têm nos seus países e tivemos a presença de menos ingleses, mais interessados no sol do que nas cartas e fichas. Estas condicionantes levaram a um field com um nível excelente. Ao andar de mesa em mesa, ficava com a certeza de ser bem difícil jogar em algumas delas, tal a quantidade de bons jogadores por mesa que este torneio apresentava.

Foi um início lento, apenas 2 jogadores caíram nos primeiros 75 minutos. Mas depois as diferenças de stack começavam a fazer efeito e os grandes potes sucediam-se. Pelo facto da grande maioria das mesas estar recheada dos jogadores mais regulares do circuito, era frequente a discussão das mãos, a análise das apostas, das abordagens seguidas. Desde cedo era vísivel que o torneio teria uma qualidade fantástica. O ritmo acelerou e ninguém queria estar fora da discussão do torneio. Talvez por esse facto, assistimos a 45 eliminações nos primeiros 5 dias.

Desta vez, o bichinho de querer sentar nas mesas e estar a jogar não apareceu. Já é a 4.ª vez, a experiência começa a ser alguma e os receios menores. Com o aumento exponencial de torneios no nosso mercado, penso que será difícil para muitos jogadores estarem presentes em todos os eventos. As viagens, os custos associados, alguma frustação pela falta de resultados, tudo são variáveis para muitos optarem por alguns torneios em detrimento de outros. No meu caso, ser Director de Torneio foi uma oportunidade inesperada mas que senti que poderia ser útil. Espero que da parte dos jogadores não tenham grandes queixas, pelo menos no terreno fiquei com a sensação de que cumprimos com o nosso dever e que fomos equidistantes em todas as decisões tomadas, como assim tem de ser.

No dia 2, jogamos para reduzir o número de jogadores até 20, os premiados. Foi uma longa batalha, com jogadas arriscadas, com jogadores na defensiva, com outros mais calculistas, outros mais arrojados. Algumas bad beats, folds bem feitos, bluff's apanhados. Assistimos a tudo, sempre com um elevado nível. Em Julho passado tive a felicidade de estar em Las Vegas na altura das WSOP e garanto que o nível médio dos jogadores portugueses regulares está bem acima da média. Entendo que o forte espírito dos nossos jogadores, aliado a uma amizade que se consolida e que dá frutos em discussões sobre mãos, estratégias e dinâmica de jogo ajudou-nos a um crescimento muito rápido.

Por esse facto, quando o field do torneio se reduzia em bom ritmo, as opções de uma final table fortíssima eram várias. Se virmos a lista dos 20 premiados, reconhecemos a grande maioria, habituados que estamos a vê-los nas notícias por terem ganho torneios online, por terem atingido mesas finais em torneios anteriores. Tinha que acabar em beleza. Após imensa luta, no último minuto do dia, descobrimos o bubble do torneio. AQ contra QQ, A no flop e uma bad beat dolorosa.

No domingo, 3 torneios em simultâneo. Um freeroll de apuramento para um torneio em Londres, The Million Dollar Game, que permitu a 16 jogadores lutarem pelo sonho. A vitória foi para Espanha, prémios para 5 e mais uns jovens encantados com o poker. Em paralelo, o torneio de encerramento. Com apenas 57 jogadores, mas um field bem difícil. Bons momentos, boa disposição e bom poker, num torneio que terminou na mesma altura do Main Event. A meio do dia, tinhamos 10 jogadores a lutarem pelos 9 lugares da mesa final. A fava saiu a Nuno Tinoco, em mais um prestação louvável.

Os 9 finalistas tinham pela frente uma das mais duras mesas que o Poker nacional teve o prazer de presenciar ao vivo. Leguito, Addict, Phounder, Michel, Sérgio, Roddias, Jay Jay são nomes da 1.ª linha. Luís Cardoso tem sido presença assídua nos últimos torneios e fez uma brilhante prestação. A surpresa, para alguns, era a presença de Sofia na final table. Para quem a conhece e sabe a paixão que ela tem pelo jogo e pela discussão das jogadas, não é surpresa nenhuma. Os jogadores começaram a cair, desta vez estive de folga na parte do microfone, apenas uma breve aparição. O Hugo tomou conta da mesa e bastante bem. Podes repetir mais vezes.

O heads-up foi tão intenso como o resto do torneio e nenhum dos 2 Young Guns lá presentes queria perder. Foi mais forte o Leguito, mas o Phounder mostrou que é um dos elementos mais fortes do nosso panorama. E têm ambos 21 anos. Bebés.

Torneio acabado, jantar de confraternização habitual, hora de desapertar a gravata e de festejar com toda a equipa mais um torneio com o sucesso habitual. E com vontade de melhorar sempre e sempre, de forma a termos toda a gente satisfeita.

A seguir, Solverde de Setembro. De novo em Espinho, com um field bem diferente. O que prova que o Poker se encontra em desenvolvimento, com o constante renovar de jogadores, estilos e abordagens. Sempre em movimento.

2 comentários:

PATO disse...

Excelente post! Deste nos uma ideia diferente do torneio.. :)
Pessoalmente acho que estiveste muito bem como DT. Eu joguei o super satélite só que infelizmente não pintou.
Boa sorte para os proximos torneios, seja a jogar seja como DT.
GL
Miguel "MPATO"

espiritual disse...

5 estrelas o teu trabalho!so nao achei justo kuando fiz raise e o dealer tira me as cartas, e tive k ficar em jogo...